Até agora, na minha opinião, um dos vídeos mais interessantes deste ano. Muito inspirado pelo universo do Donnie Darko, o que só lhe dá mais pontos.
A senhora é Natasha Khan, a.k.a., Bat For Lashes, que lançou um álbum no ano passado, curiosamente no meu dia de anos. Fur and Gold, se não me engano, chegou agora às nossas lojas, talvez mereça uma audição.
Ainda com a mão na massa, há um outro vídeo, menos conseguido, do mesmo álbum. Podem vê-lo aqui se tiverem curiosidade.
"never mind album of the year, this is one of the albums of the decade. kevin barnes is the outstanding songwriter of our day - and a brian wilson, eno, bowie, lydon, reed, iggy.... in one package. this is where pop music is at now - ignore it at your peril.
and to all who say the earlier stuff is better - i have 6 words -
Sou uma pessoa muito suspeita para dizer seja o que fôr sobre os Interpol. O meu primeiro contacto com eles foi o Antics, só depois ouvi o Turn On The Bright Lights e, durante um breve período de adaptação, continuava a achar este último inferior.
Depois deixei-o assentar. Compreendi o sentimento, os antí-clímaxes das melodias, as histórias de metrópole desacreditada, as personagens (algumas anónimas, outras chamadas Stella ou Roland, sobreviventes numa cidade que não os compreende). Há uma claustrofobia neste álbum, uma melancolia. Raras são as vezes que uma banda se junta e consegue reunir, à primeira tentativa, tanto a inspiração acumulada em Nova York, como a técnica instrumental mais que competente para transmitir a mensagem. Por isso é que os Interpol se tornaram uma banda especial, uma revelação para muitos.
Claro, com esse "hype" chegam muitas outras críticas. As comparações com bandas como os Joy Division são conhecidas há muito, mas não quero realmente debater aqui esses aspectos. Basta-me saber que os Interpol são uma banda diferente dos Joy Division. Nem melhor, nem pior, e decididamente não são uma cópia. A prova desta minha convicção está no facto de gostar de Interpol, mas não gostar de Joy Division.
O que fazer depois de um álbum de estreia mais-que-bem sucedido? Um álbum celebrado pela crítica, um objecto de culto para fãs dedicados? Para os Interpol, a resposta parece ter sido: conquistar mais mercado, espalhar a nossa música a mais pessoas. Com isso em mente, editaram o Antics, o álbum amigável que vendeu consideravelmente, apenas desiludindo um pouco os que esperavam mais. No fundo, acho que essas mesmas pessoas sabiam que seria muito difícil bater a estreia, por isso não houve muita revolta.
Ao terceiro disco, parecem já não ter desculpa. Tiveram tempo suficiente para pesar os seus dois registos anteriores, decidir o que fazer a seguir. O resultado é Our Love To Admire, que fica outra vez aquém das expectativas, e pode mesmo significar o divórcio de muitos fãs da banda, porque parece-se demais com Antics e por outro lado, situa-se entre este e TOTBL, mas parece que nunca se decide para que lado quer ir.
Melhor ainda, não está entre eles, mas é antes um terceiro indivíduo com traços dos seus progenitores. Contudo, é também demasiado desorganizado e imaturo. Não é que tenha más canções, mas o álbum, objecto em si, não flui. As canções são bem formadas, têm todos os elementos que caracterizam os Interpol, até algumas variações, não é uma questão de a fórmula estar estagnada. Ou talvez seja, mas não acredito sinceramente que os Interpol, dada a escolha que fizeram de estilos e sonoridade, consigam evoluir bruscamente sem se tornarem uma banda completamente diferente. Por outro lado, nunca mais conseguiram a mesma poesia e emoção de TOTBL, e cada vez mais parece que cantam sobre algo em que já não se inserem. Tanto em Antics, e agora mais fortemente em Our Love To Admire, mascaram-se da banda que foram quando surgiram, e tentam actuar essas personagens, quando no fundo já as ultrapassaram e não as conseguem recuperar. Na verdade, há uma grande diferença entre rapazes que escrevem canções sobre a cidade onde vivem e estrelas rock que escrevem sobre si mesmos há anos atrás.
Apesar de tudo, estive no SuperBock SuperRock e gostei do concerto que deram. Foi um concerto competente, não foi um espectáculo encenado como os Arcade Fire, ou um "gig" como os Klaxons. Tocaram o que deviam tocar, até mais do primeiro álbum do que eu estava á espera, escolheram as músicas certas do Antics, e não tentaram empanturrar-nos com o novo álbum, apenas algumas (bem) seleccionadas.
Um último comentário. Eu gosto do novo álbum, pelo menos tanto como gosto do Antics, obviamente menos do que TOTBL, mas ainda assim é um registo competente de música e hei-de continuar a ouvi-lo espaçadamente ao longo do tempo. Há, contudo, um momento que acho verdadeiramente bonito no álbum, como se os Interpol não tivessem medo de experimentar algo novo, um vislumbre daquilo para que poderiam (e podem) evoluir. ÉR uma música arriscada, e talvez por isso tenha sido adiada para o fim do álbum, onde, aliás, se encaixa na perfeição. Estou a falar da The Lighthouse.
“It was a wrong number that started it, the telephone ringing three times in the dead of night, and the voice on the other end asking for someone he was not.”