sábado, 28 de abril de 2007

Earth Intruders

Uau.





We are the earth intruders
We are the earth intruders
Muddy with twigs and branches

Turmoil!
Carnage!

Here come the earth intruders
We are the paratroopers
The beat of sharpshooters
Comes straight from voodoo

With our feet thumbing
With our feet marching
Grinding the skeptics into the soil

Shower of goodness coming to end the doubt—pouring over
Shower of goodness coming to end

We are the earth intruders
We are the sharpshooters
Flock of parachuters
Necessary voodoo

I have guided my bones through some voltage
And love them still
And love them too

Metallic
Carnage
Furiousity
Feel the speed!

We are the earth intruders
We are the sharpshooters,
Flock of parachuters
Necessary voodoo

There is turmoil out there
Carnage! Rambling!
What is to do but dig
Dig bones out of earth

Mud graves
Timber
Morbid trenches

Here come the earth intruders
There’ll be no resistance
We are the cannoneerers
Necessary voodoo

And the beast with many heads and arms rolling
Steamroller!


Forgive this tribe!

We are the earth intruders
Muddy with twigs and branches
Marching!

March

March

March

We are the earth intruders
Muddy with twigs and branches
Marching voodoo!

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Nada a declarar. E você?



Hoje acordei e senti-me normal.


Fechei os olhos novamente e esfreguei a face, não fosse eu enganar-me e andar a perder tempo a acordar em sonhos traiçoeiros. Quando os abri, ainda lá estava aquela sensação, aquela normalidade. E o cansaço? A preguiça de uma segunda-feira de manhã? E a revolta? Raios! Nem contra a minha condição de pessoa normal me conseguia revoltar! E a angústia? De ir trabalhar, para um emprego odioso, de apanhar autocarros, comboios, apinhados de gente mal-disposta e, definitivamente, nada normal.


Nada. Nem uma pontinha de desconforto, de alegria imbecil, optimismo ingénuo, nada.


Sem nenhum queixume, levantei-me da cama e avancei para encarar o espelho. Até o meu reflexo era neutro, indistinto. Era eu, sabia-o, mas desejava que não fosse. Olhem para mim. Se desviasse agora o olhar, não me passariam pela cabeça cinco adjectivos para definir o meu rosto.


- Quem é aquele ali a escovar os dentes por cima do lavatório?


Não sei.


- E o outro que se penteia em gestos mecânicos, com um velho pente de marfim?


Também não conheço. Mas tem mau aspecto, o magano.


Ao pequeno-almoço, a comida não me pareceu pesada na boca, ou enjoativa. Mastigar aqueles cereais de aveia já não era uma função biológica essencial, era uma tarefa. Dei por mim a contar o número de colheradas que levava à boca e parei quando faltava uma pequenina poça de papa lamacenta no fundo da tigela. Era a mesma poça que tinha esfregado e deitado cano abaixo no dia anterior, mas cá estava ela de volta. E o chato é que me gozava, sabia que eu não a conseguia comer, que o meu instinto mecânico estava programado para a deixar ali, a secar todo o dia no lava-louça, até eu chegar à noite a casa.


Não deixava de ser curioso. E estivesse eu menos normal do que me sentia, era capaz de a ter tragado, só pelo sentimento de vingança mesquinha.


Ainda cheguei a vestir-me, normalmente, mas foi quando abotoava os punhos da camisa que me apercebi que hoje não ia sair para trabalhar. Como podia? Assim como me sentia (se é que sentia, será a normalidade um estado? Ou a ausência de outras tantas formas de estar?) ainda era capaz de passar um dia normal, sem incidentes, operar as máquinas (as outras), almoçar na cantina, contar piadas aos colegas. Como é que eu ia encarar isso?


Peguei no telefone e meditei alguns segundos, com o auscultador na mão. Podia telefonar a dizer que estou doente, que me acorreu um surto de… de quê?! Ou antes, telefono e digo que está tudo bem, mas hoje não vou poder trabalhar porque não fui atacado por qualquer espécie de enfermidade ou mal-estar. Havia de pegar, essa!

Pousei o aparelho. Dirigi-me à sala de estar. Tudo lá dentro me pareceu normal. Olhei pela janela. Normal. Acendi a televisão. Normal. Liguei a rádio. O homem da meteorologia anunciava que não ia chover, que estava Sol, mas não calor.


“Por isso, senhoras e senhores, podem contar com um dia normal.”


Deu-me vontade de chorar. Mas o mais triste é que não sentia qualquer tristeza. Ou alegria. Ou qualquer merda de sensação que me tirasse deste marasmo.


Levantei-me. Fui até à salinha que ligava com o meu quarto. Abri a última gaveta da cómoda e tirei para fora uma caixinha de madeira, enrolada num pano. Voltei à sala e poisei-a nos joelhos. Abri-a cuidadosamente e tirei para fora a minha antiga pistola do exército, que me tinham deixado guardar como boa recordação. Ao lado tinha uma caixinha com balas. Coloquei seis no barril. Fechei, tranquei e poisei a arma no sofá. Acerquei-me da mesinha do café à minha frente e puxei de um bloco amarelo e um lápis. Rabisquei umas palavras, apaguei, escrevi outras, arranquei o papel e prendi-o na parede. Voltei a outra mão para a arma, encostei-a à testa e rebentei com a cabeça.













“Hoje acordei e senti-me normal. Em vez de me chatear com isso, preferi enfiar uma bala nos cornos. Boa noite.”




terça-feira, 17 de abril de 2007

Brianstorm




A banda sonora da combustão espontânea. Não vos apetece incendiar coisas, quando ouvem isto?



Circulam histórias sobre a origem da canção, nas quais este Brian tanto pode ser um sonho como uma pessoa real. A minha favorita é a versão que indica o Brian como sendo um fã que entrou no camarim deles e começou conversa amigável com a maior das facilidades, sem nunca os ter visto, e os deixou espantados com a sua personalidade, e pela maneira como conseguiu passar pelos seguranças.

«Alex remembers: "What happened were we met this guy, and when he left the room we were a bit freaked out by his presence, so we did like a brainstorm for what he was like, drew a little picture and wrote things about him."

"He was right weird," shudders Jamie Cook. "He just appeared with, like, a business card..." "... and like a round neck T-shirt and a tie loosely round it, I'd never seen that before. It felt like he were trying to get inside your mind. We were checking out his attire, freaked out. He definitely left a mark on us. He might have been a magician. He might even be here now. But if we ever found out who he was, it might spoil it.


Brian,
Top marks for not tryin'
So kind of you to bless us with your effortlessness
We're grateful and so strangely comforted

And i wonder are you puttin' us under?
Cause we can't take our eyes off the t-shirt and ties combination
Well see you later, innovator

Some want to kiss some want to kick you
There's nothin' that you couldn't slip through
Or at least that's the impression i get
cause you're smooth and you're wet
And she's not aware yet but she's yours

She'll be sayin' use me
Show me the jacuzzi
I imagine that it's there on a plate
Your rendezvous rate means that you'll never be frightened
to make them wait for a while
I doubt it's your style not to get what you set out to acquire
The eyes are on fire
You are the unforecasted storm

(Brian)
Calm, collected, and commandin'
(top marks for not tryin')
You made the other stories standin'
With your renditions and jokes
Bet there's hundreds of blokes that have wept
cause you've stolen their ...thunder
Are you puttin' us under

Cause we can't take our eyes off the t-shirt and ties combination
Well see you later, innovator



Só tenho pena de, pelo menos das primeiras audições, o novo álbum nunca conseguir atingir a fasquia deixada por esta primeira canção. Ou das canções do álbum anterior. Mas continuam a ser os Monkeys, e não querem, nem precisam, de "crescer".

domingo, 15 de abril de 2007

Perfect Sense


Mais uma vez volto a atirar para os olhos das pessoas que passam por aqui um dos meus recentes vícios musicais, para os quais a minha atenção se vira de vez em quando, sem razão aparente.

Sou um fã de Pink Floyd, como há muitos, mas as minhas experiências com a banda sempre tiveram uma conotação visual muito forte com o seu baixista, Roger Waters. Comecei a ouvi-los muito novo, culpa dos meus pais e da sua colecção de CD's e vinis, mas só mais tarde comecei a associar imagens à música.

Certo dia, com a explosão do mercado dos Dvd's, o meu pai traz um espectáculo gravado ao vivo do Roger Waters, a cantar material dos Pink Floyd e algumas das suas canções a solo. Foi a primeira vez que vi tocarem Pink Floyd, daí a minha associação com o senhor Waters. O segundo concerto que trouxemos para casa também era dele. Tratava-se daquele espectáculo melómano que foi o The Wall: Live In Berlin, que permanece ainda como a experiência musical ao vivo mais incrível que já vi. O meu fascínio aumentava cada vez mais.

Agora, uns bons anos passados, é que decido visitar a carreira a solo deste "showman" que coloca tons de produção grandiosa em tudo o que toca. Senão, vejamos a lista das suas aventuras:
Os links em cada canção são as respectivas letras, que acho que merecem ser apreciadas.

(1984) - The Pros & Cons Of Hitchhiking

A estreia a solo. Um álbum sobre uma viagem, não só física, como pelos sonhos e alucinações de um homem. Uma estranho primeiro passo, com certeza. Foi o primeiro que ouvi, e nunca mais me largou. Tem excelentes músicos a bordo, incluindo Eric Clapton, e a voz de Waters é algo desconfortante, mas torna-se um prazer maníaco ver como esta se esforça para cantar. E entre os diálogos e ruídos que colocam o ambiente, e as variações bruscas entre a calmaria e a tempestade, há aquele acorde da guitarra que nos persegue até ao fim do álbum.

5:06 AM - Every Stranger's Eyes




(1987) - Radio K.A.O.S.

Depois da estreia, o segundo álbum, subestimado, na minha opinião, dá seguimento aos "álbuns de conceito". Desta vez, encontramo-nos nos subterrâneos de uma rádio pirata em Los Angeles e no subconsciente de um homem que consegue ouvir ondas de rádio na cabeça. Destas vez, os sons que se captam na música (além da própria estrutura das canções, claro) vão desde vozes distorcidas, estática e código morse.

Radio Waves





(1992) - Amused To Death

Por fim, aquele que é o "concept album" de todos os "concept albuns". Afinal, o que pode ser maior que um conjunto de canções que retratam a existência humana de forma directa, quase brutal. O melhor álbum de Roger Waters, sem sombra de dúvida, e, se algum dia me pedissem para sintetizar a minha espécie numa canção, seria algo como isto:

It's A Miracle

sábado, 7 de abril de 2007

Books of Saturday


E se eu me sentasse hoje, em frente da minha máquina de escrever, e imprimisse palavras em papel que significassem algo, para alguém? E se tivesse a habilidade de as ordenar, organizar em frases sentidas sobre assuntos esquecidos? E se pudesse construir parágrafos inteiros sobre uma memória, um sonho, uma alucinação? E se as tivesse? E se a tinta se tornasse um rio, e escorresse das páginas? E a encadernação fosse forte o suficiente para encerrar todos os segredos do mundo nas palavras que escrevi? E a dedicatória citasse grandes e pequenos nomes, de Deuses e poetas, e entre eles estivesse o teu? O título tão simples como pesado de significado? O papel amarelo e perfumado como uma antiguidade? As medidas certas, para caber na tua estante, para não pesar na tua mochila, para o segurares numa só mão. Suficientemente apelativo para o detectares numa prateleira de livraria, no entanto, cuidadosamente abandonado como de único exemplar se tratasse, guardado só para ti, como tu te guardaste para ele. E é só para ti, mais ninguém. Os outros não o compreenderiam como tu o vês, não perceberiam as palavras, porque não falam nessa língua secreta, por sinais, que se discursa entre vocês.

Depois voltas a casa, entras no quarto, certificas-te de que ninguém te incomoda, descalças os sapatos e lanças-te para cima do colchão, de braços debruçados sobre a almofada, e o livro no meio. Abres na primeira página. Lês o título novamente. Viras a folha. Encontras o nome do autor, o número da edição, o local onde foi impresso, e lês tudo. Continuas. O número do primeiro capítulo, o nome, a primeira frase. Já não sabes nada, já deixaste de ser quem eras. És um detective, falta-te dinheiro, tens um problema com a bebida. Viras a página. És um trapezista, um acrobata, forçado a fazer coisas horríveis. Viras a página. És um velho ancião japonês, consegues falar com os gatos. Próxima. És um nova-iorquino, a recuperar de uma doença terrível. És uma brasileira que escreveu uma canção. És um pássaro que não sabe voar. És um poeta, falas com o espelho, para outros poetas. És como o vento, ninguém te vê. És um herói, um vilão, és o terrorista que planta a bomba e o turista que é apanhado na explosão. És alguém que espera alguém numa estação de comboio. Não és ninguém. Viras a página…

És uma pessoa da tua idade, que está no teu quarto e ler o teu livro e usa as tuas roupas. Come o que tu comes e dorme onde tu dormes. Segue-te para onde quer que vás, nem à tua frente, nem atrás. Está exactamente onde precisa de estar, sempre. Não a consegues ver, porque está escondida atrás dos teus olhos. Mas consegues senti-la, não é? Porque agora chegaste à última página do livro… mas já não o consegues fechar.

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Progressos


Progressive Rock (prog-rock) -

Noun S: (n) progressive rock, art rock (a style of rock music that emerged in the 1970s; associated with attempts to combine rock with jazz and other forms; intended for listening and not dancing)



Ultimamente tenho andando a ouvir novas bandas deste género épico, passando pelos clássicos super-grupos desse tempo em que a música tinha uma veia de espectáculo e de encenação, em que as bandas tentavam (e conseguiam) criar mundos paralelos onde podíamos entrar, por vezes com uma mãozinha da medicina psicadélica. Desse tempo, gosto de encontrar estes momentos:



Os teatrais.



Genesis - Dancing With The Moonlight Knight




O Mellotron, esse instrumento genial.



Emerson, Lake & Palmer - rehersing Karn Evil 9






O fluído cor-de-rosa






Pink Floyd - Echoes, Part 1





O género nunca morreu, e ainda hoje, apesar de se ter estendido a outros patamares para se adaptar aos tempos, dá gosto encontrar os herdeiros em bandas e músicas como esta:


Os aprendizes.


Tool - The Pot





Contudo, e nada me dá mais gozo do que terminar com isto, ninguém, mas mesmo ninguém conseguirá alguma vez ocupar o lugar que esta canção tem na história do rock progressivo. Não tem vídeo, mas acho que a música fala por si, espero que gostem.


Os Mestres.

King Crimson - 21st Century Schizoid Man