Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet Street
Desde sempre que os filmes que realmente me dão mais gozo ir ver ao cinema são do Tim Burton. O meu realizador favorito, antes de ter propriamente favoritismos, e ainda estou para ver se me há-de pregar alguma desilusão. Com Charlie e a Fábrica de Chocolate, saí do cinema com um enorme sorriso nos lábios, e este Sweeney Todd não fica atrás. Só que com mais sangue e menos cores bonitas, mas com a mesma dose de humor negro.
A princípio é o genérico. Podemos desde logo estabelecer um paralelo com a Fábrica de Chocolate. No primeiro líamos os nomes enquanto seguíamos o chocolate desde a sua preparação até à entrega na misteriosa fábrica. Aqui, é o sangue que segue o seu percurso através dos esgotos de Londres, passando pelo triturador de carne da Mrs. Lovett, até ao rio. A música é grandiosa, como deve ser, apesar de não estar a cargo de Danny Elfman, como de costume, não há motivo de queixa ou para dizer, "aqui faltava um elfman, para animar a coisa". É um musical, e se não gostam do género, não posso fazer nada, sou um aficcionado. Sendo musical, há que perceber que tem de ser pateta quando é preciso, para recompensar mais quando é assustador ou épico. Johnny Depp a cantar é aquilo que é, assim como os outros, ao fim de um pouco, parece que o fazem tão naturalmente como falar.
Sascha Baron Cohen assenta no charlatão Pirelli como uma luva e acrescenta o italiano à sua lista de sotaques cómicos. Alan Rickman é o vilão por excelência com a sua voz grave. O casalinho Antohny e Johanna é um pouco ofuscado por Sweeney, mas nada que estrague a experiência. De resto, estão lá todos os traços característicos de um bom Burton, que parece ter encontrado um padrão e mantém-no nos últimos filmes. Sem razão de queixa, claro.
Outra coisa que é preciso mencionar é o sangue. Litros e litros dele. Não sei se dizem por aí que é o filme mais gore do Tim Burton, mas a fama não seria injustificada. As gargantas literalmente esguicham o líquido formoso que, atrevo-me a dizer, nunca vi tão bonito no cinema. Tem a tonalidade certa para um espectáculo com grande ênfase na caracterização, tem vida própria. Escorre por onde bem lhe apetece, mexe-se como se estivesse vivo, é fenomenal. Junta-se isso a uma fantástica peça bem ensaiada e que me faz lembrar porque é divertido ir ao cinema.