quinta-feira, 17 de maio de 2007

Menina




Cresces-me pela espinha, menina, cresces-me pela espinha.


Largas-te nos meus ossos e marcas a tua vinha, tu cresces-me pela espinha,
Deixas-te nos meus lagos e forças-te nas minhas portas, tu nasces sozinha.


Vives no meu corpo e contas as razões,
Misturas venenos, preparas poções,
Bebes à saúde dos teus vilões.


Comes-me a alma, menina, não és divina,
Estalas os medos, dobras a esquina,
Metes-te nos dedos, estranha terrinha.


Metes-te nos olhos,

Metes-te nos lábios,

Metes-te na carne,

Metes-te onde não és chamada,

Metes-te pela calada,


Areia fininha.


Sai-te, malvada! Some-te! Pisga-te!
Não preciso das tuas paixões,
As sobras, já as tenho,


E as recordações.

1 comentário:

euphrosyne disse...

bem...tu não sei mas eu cá gosto imenso de ter seres a crescerem-me na espinha e no abdomen tambem ^^