sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Álbum da Semana: Distortion - The Magnetic Fields (2008)


Conceito

Este é um daqueles discos que começou por reunir alguns aspectos que me fariam, em princípio, evitá-lo. Pouco ouvi dos Magnetic Fields ao longo da minha vida, mas ao investigar este disco, comecei a suspeitar de uma banda que lança três álbuns consecutivos com esforços "conceptuais" tão marcados e óbvios. Estou a falar de 69 Love Songs, que ainda tenho de ouvir antes de qualquer juízo sobre a banda (aparentemente é tido por quase todos os fãs como a sua obra-prima), do seu sucessor i, e agora deste recente Distortion.

Os conceitos de cada álbum são exactamente aquilo que diz em cada um dos títulos. 69 Love Songs são exactamente 69 canções de amor, i é um objecto estranho com todas as músicas começadas pela nona letra do alfabeto e Distortion seria um disco perfeitamente normal, não fosse a distorção propositada das guitarras em todas as canções.

Ainda assim, quando ouvi Distortion não foi o pomposo martírio que previ, tal como não foi uma surpresa bombástica de delírio musical. Em vez disso, temos músicas sim, algumas boas, que ficam no ouvido, outras nem tanto, mas sempre com a distorção presente. A qual nem é insuportável, mas também não acrescenta nada de novo à maior parte do álbum. Ela simplesmente está lá. Custa-me ainda dizer que cria um ambiente, apesar de ao fim de um tempo nos habituarmos aos guinchos das cordas. Mas não estraga o que podia ser um bom disco, como eu estava á espera quando ouvi falar sobre ele. Infelizmente, ainda não vi como se justifica a si mesma também.

Resumindo, Distortion é um disco demasiado bem comportado e cuidado na composição musical para ser um OVNI, e demasiado provocante para ser levado a sério. Existem, é claro, como já disse, boas canções, mas perde-se um pouco nesse aspecto isolado (um sintoma comum de muitos álbuns conceptuais) para o objecto maior.


Álbum: Distortion
Artista: The Magnetic Fields
Highlights:
- Zombie Boy
- California Girls
- Till the Bitter End

- Too Drunk to Dream
(nem que seja só pelos primeiros segundos onde se ouve esta linda introdução)

Sober, life is a prison
Shitfaced, it is a blessing
Sober, nobody wants you
Shitfaced, they're all undressing
Sober, it's ever darker
Shitfaced, the moon is nearer
Sober, you're old and ugly
Shitfaced, who needs a mirror?
Sober, you're a crogmagnun
Shitfaced, you're very clever
Sober, you never should be
Shitfaced, now and forever!

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Hoje estou também aqui... E sou +1


No blog da Crystal Skull e Alice, residentes do T2+1 com direito a rádio online.

Hoje, a playlist está ao meu cuidado, como parte das quartas-feiras loucas, mas nos restantes dias vale a pena dar uma olhadela. É só vir aqui e seguir as instruções.

Disfrutem.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Vídeo - Alice


2008 é também o ano do regresso de Moby aos álbuns de originais, com Last Night. É uma oportunidade de ver se o artista consegue superar o mal recebido Hotel, no qual abdicou dos processos habituais de criar música que lhe são característicos (samples, para indicar o mais influente) e decidiu usar só a voz e guitarras, ou seja, um registo rock normal. O resultado não foi o melhor, e acabou por se tornar, para mim pelo menos, o menos conseguido registo. Pode ser que com este Last Night que, segundo o próprio Moby no seu site, "é um carta de amor á música de dança em Nova Iorque (...) tentei condensar uma saída à noite de 8 horas num álbum de 65 minutos..."

O novo single já circula, com direito a vídeo do grande Andreas Nilsson (o mesmo dos coloridos videoclips dos The Knife) e chama-se Alice. Conta ainda com participações dos rappers Aynzil e 419 Squad. Parece um regresso ao método original de Play ou 18, mas convém esperar para ver se é ou não mais do mesmo. De qualquer forma, sempre considerei Moby mais um criador de ambientes do que canções.

Moby - Alice



Ainda, podem ouvir um sampler de Last Night no site oficial do Moby, por aqui.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

TV - Led Zeppelin: Mothership


Entretanto, como rapidinha, não percam hoje na Rtp 2 a transmissão do concerto dos Led Zeppelin: Mothership, que tem como playlist temas incluídos na colectânea do mesmo nome, lançada no ano passado.

Isto é o que o site tem a dizer sobre o espectáculo.

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LED ZEPPELIN - MOTHERSHIP
Musicais



A colectânea "Mothership" é composta pelos maiores êxitos da banda inglesa
Quase 40 anos depois, continuam a inspirar gerações de músicos por todo o mundo. Mothership é a celebração dessa carreira extraordinária, reunindo 24 dos temas mais importantes dos Led Zeppelin. Acredite! você vai ver e ouvir “Wole Lotta love”, “Immigrant Song” e Stairway to Heaven” entre outros super-êxitos de uma das mais importantes bandas de rock de todos os tempos.
Imprescindível para todos os fãs de música!

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Mesmo tendo em conta que os Led Zeppelin não vão tocar, como prometido, o seu famoso tema "Wole Lotta love", promete ser um grande espectáculo.

O único senão é que passa às duas da manhã (02:05, para ser mais preciso). Mas vale a pena.

A compilação tem o seguinte vídeo promocional:


Vídeo - Dig, Lazarus, Dig!!!


Nunca fui um ouvinte de Nick Cave e os seus Bad Seeds, mas, no ano passado, fiquei curioso com o novo projecto do senhor, Grinderman. Não era um álbum excepcional, mas tinha muito bom feeling associado e canções de uma comicidade alcoólica, como No Pussy Blues, ou Honey Bee. Foi a minha primeira aproximação de Nick Cave, e os fãs mais fortes devem censurar-me por isso (o álbum não foi considerado grande coisa por parte destes), mas as coisas passaram-se assim. Um dia ouvirei o restante da discografia do Nick, e sou capaz de começar pelo novo álbum, deste ano 2008, intitulado Dig, Lazarus, Dig!!!. O primeiro single tem o mesmo nome e já anda por aí, com direito a vídeo.

E o bigode continua lá.




O álbum sai a 3 de Março.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

O Assassínio de Jesse James pelo Cobarde Robert Ford


Para mim, o primeiro bom filme de 2008.

O primeiro de uma fornada de westerns previstos para este ano é um documento filmado da morte do fora-da-lei lendário Jesse James, pela mão do antigo companheiro Robert Ford, que o admirava e respeitava como um herói (tal como o fazia maior parte da América). Quem vai à procura de acção, tiroteio, bandidos ou duelos deve ficar desiludido. Tanto pela duração do filme (perto de três horas), como pelo andamento vagaroso com que se arrasta, meditando sem pressas, deixando-se assentar na sala e nos nossos sentidos. Não é, decididamente um filme de acção. É mais parecido com uma tese, ou um tratado sobre os acontecimentos do dia 3 de Abril de 1882, quando Jesse foi alvejado, e tudo o que veio antes que levou Robert a enfrentar a terrível decisão. Estende-se, depois disso, ao destino de Ford, visto por todo o país não como um herói que pôs fim ao reinado de assaltos a comboios de Jesse, mas como um verme cobarde da pior espécie, que matou um Robin Hood americano. E ainda por cima pelas costas.

É um belíssimo filme, e a sua duração fora dos limites que seriam de esperar para um público da era imediata e do consumo rápido passou-me completamente despercebida. O produtor/protagonista Brad Pitt afirmou que o filme teve muitas versões antes desta, sendo a sua preferida a de 4 horas, e acredito que essa teria sido também interessante de se ver. O ritmo do filme dá atenção aos sons mais subtis, como a erva das pradarias a agitar-se ao vento, ou alguém a cantar ao fundo, enquanto a acção decorre e é preciso olhar para as paisagens maravilhosas a céu aberto com um espírito relaxado, ou o resto do filme falha quando essa paz é interrompida, de tempos a tempos, com cenas extraordinariamente bonitas (a chegada da locomotiva, no início, é a minha preferida). As prestações de todo o elenco são carregadas, chega-se a um ponto em que parece que todas as falas são sussuradas com entoação grave, e os olhares são expressivos, cruéis no velho Jesse James, e inquietos no jovem Ford. A tensão é de cortar à faca quando ambos estão em cena. E é assim até ao fim. Sou o primeiro a admitir que fiquei surpreso por o Brad Pitt a representar me causar arrepios. E o Casey Affleck é espantoso, um rapazolas tão frágil que lhe conseguimos sentir o medo e a insegurança.

Os conselhos que posso dar são: deixem a ilusão de que este é um filme sobre a fama e o querer ser famoso em casa, vão ver apenas um artigo histórico sobre uma personagem amada e outra odiada com tal intensidade que este seu teatro ainda continua a fazer tremer qualquer coisa cá dentro. E vejam um bom filme.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Nostalgia: dEUS - The Ideal Crash


Os belgas dEUS foram um caso de sucesso sério há uns anos, no final do século passado. Foram-se tornando conhecidos no movimento underground europeu com os primeiros dois álbuns, mas foi com esta obra-prima que se espalharam um pouco pelas bocas do mundo. O ano é 1999, o mundo está á beira do seu fim, o milénio aproxima-se e os dEUS editam The Ideal Crash, um registo estrondoso que cimentou uma pequena (mas activa) legião de fãs devotos, tornando-se uma banda de culto vintage, apreciados como um bom vinho, de preferêcia num bar após o fecho. Sempre estiveram, a meu ver, entre os gostos mais alternativos e um mainstream de encher chouriços nas rádios comerciais (literalmente, Instant Street por exemplo, foi involuntariamente eleita a canção regular na Rádio Comercial há uns anos, eu lembro-me de a ouvir).

Mas se há um homem por trás da banda, (e geralmente há) é Tom Barman. O gentil amargurado da vida, capaz de orquestrar todo aquele som com a sua voz, que nos leva, por vezes, a ter de sorrir enquanto caminhamos. É também ele que assina grande parte da videografia da banda.


dEUS - The Ideal Crash





E ainda, se quiserem ver outros vídeos do mesmo álbum:
- Sister Dew
- Instant Street

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Albúm da Semana: Hot Chip - Made In The Dark (2008)


No escuro

Os Hot Chip foram, em 2006, falados um pouco por todas as listas de Melhores do Ano, em virtude do seu segundo álbum, The Warning. A banda inglesa, de influências dance-punk/electropop, chegou a figurar na lista de nomeados para melhor disco desse ano pela Mercury Music Prize. "Over and Over" foi também nomeado single do ano, desta vez pela revista NME, e recebeu atenções pelo seu vídeo, um delírio retro realizado por Nima Nourizadeh. A este juntou-se "And I Was a Boy From School", cujo vídeo surreal e melancólico ajudou a fomentar a imagem de marca desta banda.

E, apesar de tudo isto, The Warning passou-me completamente ao lado.

Apenas soube da sua existência no fim do ano, com precisamente essa correria aos discos do ano e por ver a sua aparição em algumas listas que costumo respeitar. Claro que o experimentei, ouvi-o não mais que duas vezes, mas esqueci-o rapidamente quer por não ser o estilo de música que me interessasse naquela altura imediata, quer por achar algumas canções repetitivas e irritantes (não o ouvi com atenção, pode ser que as ache apelativas agora, eu sou assim). Assim, chega 2008 para dar uma nova chance aos rapazes de Londres.

É um dos primeiros lançamentos de 2008, e acabou por ser o primeiro a interessar-me, devendo muito ao primero single digno desse nome, "Ready For The Floor". Ouvi-o na rádio mais do que muitas vezes, e gostei, mesmo sem saber de quem se tratava. Alguns downloads depois, tinha o álbum no leitor de MP3 e ouvia-o com gosto a caminho da escola.

Sem me parecer um disco genial, ou sequer motivo de muita celebração, não é mau. Há mesmo algumas músicas de que gosto bastante, outras mais dispensáveis, (especialmente quando se aventuram por melodias calmas, no final, "Whistle For Will" e "In the Privacy of Our Love") mas no geral, não têm nada que se envergonhar. É boa pop com grande suporte de sintetizadores, e armada para qualquer pista de dança caseira. A voz do vocalista, Alexis Taylor, traz à mistura a dose recomendada de melancolia "à antiga". Podia ser melhor, acredito que sim, mas isso também depende de como me soar agora The Warning, claro que o vou ouvir novamente, desta vez como deve ser.

Então, sem mais demoras, rendam-se ao vídeo de Ready For The Floor e digam se a dança do Alexis/Joker não é contagiante:


Hot Chip - Ready For The Floor





E outros vídeos da banda:
- Over And Over
- And I Was A Boy From School
- Playboy
- Colours







Álbum: Made In The Dark
Artista: Hot Chip
Highlights:
- Ready For The Floor
- Hold On *
- Shake A Fist



*Há alguma nesta canção que me faz lembrar Of Montreal, quando se canta ...i'm only going to heaven if it feels like hell, i'm only going to heaven if it tastes like caramel...

domingo, 6 de janeiro de 2008

O Pacheco




A primeira vez que ouvi falar do Luíz Pacheco, foi no documentário que vi há uns Verões, quando só tinha quatro canais na televisão da casa alugada na Praia da Rocha. Fiquei fascinado, apesar de nunca ter ouvido falar daquela pessoa (os meus pais depois contaram-me algumas coisas sobre ele) e de não ter apanhado o programa desde o início. Demorei algum tempo a descobrir, mas sei agora que se chamava "Luíz Pacheco - Mais um Dia de Noite" e foi realizado por António José de Almeida.

Ficou-me na memória por diversas razões, uma delas não ser um documentário banal, como aqueles no Biography Channel, onde falam sobre a pessoa, metem umas quantas fotos, vídeos, lançam elogios como perdigotos, clamando pela divindade que ela é. Neste, não. Para começar, toda a gente nas entrevistas concorda que o senhor Pacheco é sim, um sacana de primeira, um amigo do caraças, um chulo sempre a pedir dinheiro emprestado, um escritor genial, um irresponsável, etc, etc. Depois, temos um actor (João Mais) a recitar a altos berros textos do Pacheco no meio da Baixa lisboeta, como um lunático, enquanto as pessoas inocentes a tudo aquilo o olham meio assustadas, meio interessadas. Por fim, temos carradas de tiradas e histórias excelentes da personagem, quer tristes, quer alegres, quer simplesmente cómicas além do que se julga possível. E temos, é claro, o próprio Pacheco a falar de tudo isto, nada arrependido da sua vida.

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Soube, ainda há pouco, pela televisão, que Luíz Pacheco morreu no sábado, dia 5 de Janeiro, com 82 anos. A rtp 2 acabou de passar o tal documentário, e ainda não foi desta que consegui vê-lo desde o início. Felizmente, pesquisei e encontrei (acho que) quase todo o seu conteúdo no YouTube, por temas. Decidi insuflar alguma vida e seriedade neste velho blog caído em desgraça. Aqui estão alguns dos vídeos.

Ainda não li nenhum dos escritos desta caricata personagem a quem chama Pacheco, mas pode ser que agora páre quando vir algum deles na livraria e o compre e talvez até o leia até ao fim. Afinal, é depois da morte que a maior parte dos artistas encontra o seu público finalmente, não?




"Chamo-me Luiz Pacheco. Fui escritor, escrevi em jornais. Agora sou um fantasma"



O caso do sonâmbulo chupista



O cachecol do artista



Os amigos



O tradutor







"O Luiz Pacheco é provavelmente o maior filho da puta, a pessoa mais corrosiva, mais intratável que há, mas eu gosto dele. Não sei porque mas gosto dele. O Luiz tem a capacidade de dizer o que pensa, de dizer mesmo tudo o que pensa, mesmo o que não poderia dizer(...)"