domingo, 6 de janeiro de 2008

O Pacheco




A primeira vez que ouvi falar do Luíz Pacheco, foi no documentário que vi há uns Verões, quando só tinha quatro canais na televisão da casa alugada na Praia da Rocha. Fiquei fascinado, apesar de nunca ter ouvido falar daquela pessoa (os meus pais depois contaram-me algumas coisas sobre ele) e de não ter apanhado o programa desde o início. Demorei algum tempo a descobrir, mas sei agora que se chamava "Luíz Pacheco - Mais um Dia de Noite" e foi realizado por António José de Almeida.

Ficou-me na memória por diversas razões, uma delas não ser um documentário banal, como aqueles no Biography Channel, onde falam sobre a pessoa, metem umas quantas fotos, vídeos, lançam elogios como perdigotos, clamando pela divindade que ela é. Neste, não. Para começar, toda a gente nas entrevistas concorda que o senhor Pacheco é sim, um sacana de primeira, um amigo do caraças, um chulo sempre a pedir dinheiro emprestado, um escritor genial, um irresponsável, etc, etc. Depois, temos um actor (João Mais) a recitar a altos berros textos do Pacheco no meio da Baixa lisboeta, como um lunático, enquanto as pessoas inocentes a tudo aquilo o olham meio assustadas, meio interessadas. Por fim, temos carradas de tiradas e histórias excelentes da personagem, quer tristes, quer alegres, quer simplesmente cómicas além do que se julga possível. E temos, é claro, o próprio Pacheco a falar de tudo isto, nada arrependido da sua vida.

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Soube, ainda há pouco, pela televisão, que Luíz Pacheco morreu no sábado, dia 5 de Janeiro, com 82 anos. A rtp 2 acabou de passar o tal documentário, e ainda não foi desta que consegui vê-lo desde o início. Felizmente, pesquisei e encontrei (acho que) quase todo o seu conteúdo no YouTube, por temas. Decidi insuflar alguma vida e seriedade neste velho blog caído em desgraça. Aqui estão alguns dos vídeos.

Ainda não li nenhum dos escritos desta caricata personagem a quem chama Pacheco, mas pode ser que agora páre quando vir algum deles na livraria e o compre e talvez até o leia até ao fim. Afinal, é depois da morte que a maior parte dos artistas encontra o seu público finalmente, não?




"Chamo-me Luiz Pacheco. Fui escritor, escrevi em jornais. Agora sou um fantasma"



O caso do sonâmbulo chupista



O cachecol do artista



Os amigos



O tradutor







"O Luiz Pacheco é provavelmente o maior filho da puta, a pessoa mais corrosiva, mais intratável que há, mas eu gosto dele. Não sei porque mas gosto dele. O Luiz tem a capacidade de dizer o que pensa, de dizer mesmo tudo o que pensa, mesmo o que não poderia dizer(...)"

1 comentário:

euphrosyne disse...

LOOL vi isso ontem =D