domingo, 11 de fevereiro de 2007

Lady In The Water


Se tentarem explicar a história deste filme a alguém, vão corar e sentir-se ridículos. Não há volta a dar.

No entanto, pelo menos para mim, não é um filme horrível. Não como alguns críticos o expõe. Sim, porque mesmo depois de toda a controvérsia em que A Senhora da Água esteve envolvido; depois das rupturas entre o realizador e a Disney, por estes não quererem produzir o filme, ou do ressentimento de Shyamalan para com a indútria do cinema; depois do livro que escreveu e de ter sido acusado de um complexo de mártir por conseguir levar esta insensatez avante; o que conta realmente é o produto, o filme em si. E não acho que seja um mau filme.

Eu admito, sou fã dos filmes de Shyamalan contra todas as vozes. Vi o The Village com amigos que só pensavam em me esganar quando saímos da sala, por ter escolhido o filme. Eu gostei. Adorei o Signs, que foi dos poucos filmes a provocar-me aquele susto que se demora cá dentro, aquela sensação desconfortável do suspense que ele consegue imprimir aos seus filmes. Sou um ingénuo por twists finais, os quais se tornaram quase a sua imagem de marca, a sua assinatura. Daí que talvez a minha opinião seja suspeita. Mas eu acho sinceramente que o filme não é tão mau como o pintam, se o virmos com um espírito aberto. E nos deixarmos levar pelo ambiente. Se o tentarmos analisar, vemos todas as falhas no argumento, os diálogos que explicam o filme como se fôssemos crianças (esta comparação é importante) e percebemos porque é que acusam o realizador de egocentrismo. Normalmente este reserva-se um papel discreto, contribui para o fluir da história, mas não aparece muito. Aqui não. Encarna nada mais nada menos que um escritor cujo livro vai salvar o mundo. Hum? Calma. Há também a personagem do cínico crítico de cinema, que parece estar ali apenas para Shyamalan se poder vingar de todos os que censuraram o seu filme, atribuindo-lhe momentos de gozo ou tortura.

Mas agora voltando à explicação para crianças. Muitos criticaram isto, atribuindo-o a um péssimo guião, com uma linha narrativa que parece inventada pelos actores à medida que falam e, cito, "a subtileza de um martelo de pontas". Tudo isto é verdade. Mas vejamos. É descrito pelo próprio Shyamalan como uma "história de embalar filmada". As histórias de embalar têm de ser explicadas ás crianças, neste caso, nós, o público. Temos de regressar á infância para "apanhar" a intenção deste filme. Depois disso, desse salto de pensamento, podemos apreciá-lo. Sim, apreciá-lo, porque não há dúvidas que, como realizador, Shyamalan tem talento. As imagens são carregadas de beleza e um pseudo-surrealismo urbano de pôr um sorriso nos lábios.

Só para quem consegue ser criança outra vez.

1 comentário:

Anónimo disse...

e isto tudo porque está uma senhora na agua? xD

eu nunca vi a vila mas sinceramente acho ridicula a ideia de pessoas mascaradas d ouriços gigantes...
senhoras na água já é outra conversa =P

tb adorei o sinais,não por meter medo mas por fazer sentido !
e gosto de filmes que puxem pelos espectadores,que os obriguem a vestir outra pele,apelando à inteligencia divergente


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